Terno, gravata, tênis e capacete de moto. Um calor vulcânico fazia o suor escorrer como lava do cabelo para as costeletas démodé. Calça jeans apertada, camiseta branca decotada, All Star rosa choque, rabo de cavalo e capacete de bicicleta. A brisa da pedalada pela Lagoa refrescou a pele rosa e aveludada, como se lá fora fosse outono, não verão. Dentro do elevador o clima não era nem de calor, nem de frio, era de atração. Um checou o outro, de cima a baixo, de baixo a cima. Na frente, quando ela entrou depois dele. Atrás, quando ela se virou para apertar o décimo quinto. E a porta se fechou e o elevador começou a subir, só com os dois, décimo quinto e dezessete. Para ela, pouco tempo para conhecê-lo. Para ele, tempo o suficiente para passar uma cantada, e um convite. Ele limpou o suor e abriu a boca para falar. Ela se virou e disse “ok”. Ele sorriu da ousadia, e a testou. “Ok o quê?” Ela fez uma expressão mista de reprovação e provocação. “Pensei que motociclistas não g...
As palavras têm vontade própria, o escritor é apenas o meio pelo qual elas ganham vida. Tanto para quem lê, quanto para quem escreve, um texto, quando puro e verdadeira expressão de sentimentos, tem a força de emocionar e inspirar. Assim escrevo, assim espero. Assim existo. Nas palavras.