Finalmente, lado a lado. Ele e ela. Lado a lado. Há tanto tempo que ela esperava por essa oportunidade. Queria tanto lhe dizer, havia tanto o que dizer. Sua cabeça fervilhava. Aquela era a hora. Aquele era o momento certo. Ela o olhava, e ele, impassível, indecifrável, focado e concentrado no seu caminho à frente. Não demonstrava nenhum sentimento. Também não demonstrava nenhum descontentamento, então, podia estar apenas relaxado, e aí seria melhor ainda. Ele respirava como se nem respirasse, não era possível perceber nem o movimento do peito inflando e desinflando com o ar. Ela? Já arfava, de ansiedade. Mas seguiam caminhando. Ela disse cinco ou seis frases soltas, todas relacionadas ao tempo e ao ambiente, pura tentativa de estabelecer um diálogo. Mas eram todas frases retóricas, ele assentia com serenidade e sem desviar o olhar do caminho, não dando corda ao assunto despropositado. Finalmente chegaram ao parque, por onde iriam caminhar, juntos, finalmente, lado a lado, de...
As palavras têm vontade própria, o escritor é apenas o meio pelo qual elas ganham vida. Tanto para quem lê, quanto para quem escreve, um texto, quando puro e verdadeira expressão de sentimentos, tem a força de emocionar e inspirar. Assim escrevo, assim espero. Assim existo. Nas palavras.