No fundo da gaveta, um grampo! Como migalhas de pão indicando o caminho de casa, os grampos são uma pista de sua passagem, como sempre silenciosa, sem distúrbios, alardes ou propaganda. Se me dissessem talvez não fosse para mim possível conceber uma existência assim, silenciosa. É como um sopro, um vento que só sopra se preciso, se chamado, trazendo alento, um frescor, um abraço, um braço de ajuda, às vezes dois, ou apenas uma comida, quando não se tem cabeça nem para providenciar o alimento necessário. Assim talvez como são os anjos: invisível, silenciosa, imprescindível. E em cada grampo encontrado me lembro dela, de sua voz serena, aconselhando manso, não querendo invadir, sua presença aconchegante e sempre suave. E a cada grampo espalhado pela casa que encontro, único indício material de sua passagem, uma lembrança diferente, a de um carinho, de um momento de paciência, da ajuda desinteressada, da dedicação. E em cada grampo sinto o cheiro de banho ...
As palavras têm vontade própria, o escritor é apenas o meio pelo qual elas ganham vida. Tanto para quem lê, quanto para quem escreve, um texto, quando puro e verdadeira expressão de sentimentos, tem a força de emocionar e inspirar. Assim escrevo, assim espero. Assim existo. Nas palavras.