Pular para o conteúdo principal

Insônia

Quanto ainda me resta a dizer que não senti por você. Esse amor está me corroendo, mas não de agora, de vidas passadas e almas penadas, essa dor me engasga, me sufoca e me enrosca em noites infinitas e aflitas, como um bom horrível filme de terror. Tenho toda uma realidade independente deste sentimento, deste encosto, no entanto não sei como vivo, se vivo, se sou. Não sou quem irá dizer que você é meu grande amor, mas sei que algo imenso entre nós foi, longe, longe, bem distante, onde não me lembro mais. Tão desconexo quanto este calor em meu peito, ou seios, não sei, talvez platônico, talvez carnal, são esses anseios traduzidos em texto, tão misturados, tanto receio. De quê, não sei, meu Deus! Mas assim é, só assim sei sentir. O amor.
O amor! Não vem, pois não tem origem, passa por cima, como um rolo compressor, e quando vai, deixa esse rastro de sangue a manchar nossa reputação. Será? Melhor que ajudasse a compor uma canção. Tão romântico assim acabaria e aí sim teria enfim sentido. Acho que amo-te mais na idéia. Melhor mesmo é cerrar agora os olhos, descansar a fronte, deixar cair o corpo, em total torpor, recompor o físico e o metafísico, acordar e apagar tudo isso. Na insônia, na dúvida, não escreva.

Comentários

Anônimo disse…
Menina, muito bom esse texto! to precisando apagar a dor....bjs Mari

Postagens mais visitadas deste blog

Autora responde a ela mesma!

Ah, doce época da inocência! Acabo de retomar meu blog, que estava suspenso desde final de 2012 e li o último texto que postei. Tudo era muito diferente há três anos. Eu era diferente. O Brasil era diferente. O verão era diferente. Naquela época eu estava incomodada com o fato de ser muito pacífica, de não me revoltar, de curtir tanto o Rio, passear no aterro, tomar água de coco e relaxar, simplesmente relaxar. Era Outubro de 2012, minha primogênita estava apenas com nove meses, era um bebê angelical em todos os sentidos, não dava trabalho, era sorridente, um sonho de criança, tão desejada e tão amada. Eu ainda estava amamentando, cheia de hormônios, ainda estava feliz da vida porque não estava mais trabalhando, apenas em casa, cuidando da minha filha, da minha casa, do meu marido, minhas cachorrinhas, meu gato, meu sonho de felicidade. O Rio estava implantando as UPPS, tínhamos a sensação de mais segurança, esperávamos a Copa, ainda com um misto de esperança e incredulidade, ...

Dois Pontos de Vista

Rafael estava todo sujo, molhado e com as roupas rasgadas. A menina havia enganado ele direitinho. Ela pediu carona e ele não pode resistir àquelas feições tão singelas. Agora Rafael se culpava por ter sido superficial e julgado o caráter da moça pela sua aparência. Mas como ele poderia imaginar que aquela menina de pouco mais de dezoito anos, pele alva, cabelos loiros, longos e bem tratados, jogados pra trás e seguros com um arco, vestido branco florido em cima dos joelhos, de mangas bufantes, largo e amarrado na cintura, pudesse ser uma assaltante. Como ele poderia adivinhar que detrás daquele arbusto iriam surgir seus dois comparsas, estes sim com crachás de ‘Assaltante Profissional’. E era assim, relembrando cada momento do assalto, desde o instante que parou para a falsa mocinha, a sensação da arma dura e fria em sua têmpora, o modo bruto como fora arrancado de dentro do carro, a surra que levou como ameaça para não dar queixa, as humilhações e o abandono naquela estrada vazia. ...
E eis que nasceu, meu primeiro romance, disponível na Amazon, em formato eletrônico. São - Sem Memória no Carnaval do Rio Espero que se divirtam e se apaixonem. Não tenho maiores pretensões que essas.