Quando eu nasci fui recebido com muito carinho. Tinha mais seis irmãozinhos, mas minha mãe tratava a nós todos da mesma maneira. Nossa caminha era quentinha, e tinha uma mulher que ajudava minha mãe, trazendo comida para ela, água fresquinha e mais jornais para manter nosso ninho aquecido. A primeira sensação que aprendi foi a felicidade. Era tão gostoso ter aquele mundinho só para mim, meus irmãos e minha mãe, que não achava que a vida podia ser mais que isso.
Logo aprendi que quanto mais feliz, mais meu rabinho balançava, e tratava de abanar mais rápido toda vez que a nossa cuidadora aparecia para demonstrar toda nossa gratidão. Depois descobri que ela não gostava que fizéssemos aquilo, pois um belo dia apareceu um homem estranho que cortou nossos rabinhos. Foi muito doloroso, mas eu não fiquei chateado, nunca iria deixar de sentir gratidão por nossa cuidadora, afinal, ela nunca nos abandonou.
Até o dia que eu fui tirado de minha mãe e de meus irmãos. Eu não sei o que fiz de errado, mas de repente fui colocado em uma caixa com alguns furos, sozinho, só com um pedacinho de pano, e fiquei nessa caixa, por horas e horas e horas, balançando de lá para cá, e ninguém me ajudava, minha mãe não apareceu, minha cuidadora não me socorreu, apesar dos meus ganidos desesperados. Já estava deprimido e desesperançoso, quando alguém finalmente abriu a caixa e me acolheu em seus braços. Eu estava em um lugar desconhecido, logo começaram a me chamar de Chip, eu não entendi bem o porquê, mas entendi que eles queriam que eu respondesse a esse nome. Deram-me uma caminha, uma vasilha de água e uma de comida só para mim e até brinquedos.
Eles pareciam muito felizes por eu estar ali, e logo uma chama de amor começou a acender em meu peito, talvez eles tivessem me salvado de quem quer que seja que tenha me roubado da minha mãe. Trataram-me tão bem que já no segundo dia eu estava completamente apaixonado por eles, e desde aquele dia jurei fidelidade e amor eterno a eles. Minha vida dali em diante foi um paraíso, fui muito bem tratado, tudo bem que eles não entendiam todas as minhas necessidades, mas não posso culpá-los, afinal eles não compreendiam minha língua, mas na maioria das vezes eu era muito bem tratado.
Até que um dia, eu comecei a não enxergar direito, comecei a bater nas paredes, a tropeçar, comecei a dar defeito. Tentei de todas as maneiras esconder minha falha, para não preocupá-los, nem dar muito trabalho, mas não teve jeito, fiquei totalmente cego e minha família me levou ao médico. E lá me deixou! Eu tentei falar com eles, pedir desculpas, eu não queria causar transtornos, eles sempre cuidaram de mim, me deram tudo o que eu precisava, e a única coisa que eu podia dar era amor, incondicional, fiel e imutável. Queria apenas mais uma vez agradecê-los por tudo o que fizeram, queria poder fazer tudo de novo e de alguma maneira não deixar que a cegueira atrapalhasse nossas vidas.
Mas não sei o que fiz de errado, não sei o que poderia ter feito de diferente. Se fosse o contrário, eu ficaria ao lado deles de qualquer forma, até tentaria ajudá-los de alguma maneira, os guiando para onde fosse possível, mas sou só um cachorro, não sei fazer outra coisa a não ser amar meus donos, e agora estou aqui, nesse hospital, nesse asilo, esperando não sei o quê. Tratam-me bem aqui, mas eles são muito ocupados, não brincam, não passeiam, e o ambiente é muito triste, há muitos outros cachorros doentes, alguns vão dormir e não acordam mais, alguns estão revoltados com seus donos, por terem sido abandonados, mas eu nunca ficarei revoltado assim, ainda guardo a esperança de que eles voltarão, ou que eu sairei daqui.
Quem sabe, como no dia em que fui levado para longe da minha mãe, alguém não venha me buscar e me levar para um lugar melhor. Alguém a quem eu possa amar tanto quanto amei meus últimos donos, e com quem eu possa viver o resto dos meus dias. Talvez seja pedir muito para uma só vida, mas meu coração não desiste de amar, e por isso, sigo esperando. Alguém há de me buscar. Alguém há de me amar. Alguém há de ser ainda muito amado por mim também.
Até que um dia, eu comecei a não enxergar direito, comecei a bater nas paredes, a tropeçar, comecei a dar defeito. Tentei de todas as maneiras esconder minha falha, para não preocupá-los, nem dar muito trabalho, mas não teve jeito, fiquei totalmente cego e minha família me levou ao médico. E lá me deixou! Eu tentei falar com eles, pedir desculpas, eu não queria causar transtornos, eles sempre cuidaram de mim, me deram tudo o que eu precisava, e a única coisa que eu podia dar era amor, incondicional, fiel e imutável. Queria apenas mais uma vez agradecê-los por tudo o que fizeram, queria poder fazer tudo de novo e de alguma maneira não deixar que a cegueira atrapalhasse nossas vidas.
Mas não sei o que fiz de errado, não sei o que poderia ter feito de diferente. Se fosse o contrário, eu ficaria ao lado deles de qualquer forma, até tentaria ajudá-los de alguma maneira, os guiando para onde fosse possível, mas sou só um cachorro, não sei fazer outra coisa a não ser amar meus donos, e agora estou aqui, nesse hospital, nesse asilo, esperando não sei o quê. Tratam-me bem aqui, mas eles são muito ocupados, não brincam, não passeiam, e o ambiente é muito triste, há muitos outros cachorros doentes, alguns vão dormir e não acordam mais, alguns estão revoltados com seus donos, por terem sido abandonados, mas eu nunca ficarei revoltado assim, ainda guardo a esperança de que eles voltarão, ou que eu sairei daqui.
Quem sabe, como no dia em que fui levado para longe da minha mãe, alguém não venha me buscar e me levar para um lugar melhor. Alguém a quem eu possa amar tanto quanto amei meus últimos donos, e com quem eu possa viver o resto dos meus dias. Talvez seja pedir muito para uma só vida, mas meu coração não desiste de amar, e por isso, sigo esperando. Alguém há de me buscar. Alguém há de me amar. Alguém há de ser ainda muito amado por mim também.
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