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Mostrando postagens de julho, 2010

História do Amor Feliz

E foram felizes para sempre. Já tinham passado por muitos problemas até ficarem juntos. E felizes. Esta é a história depois do final das outras histórias. Nada mais iria dar errado, a vida seria uma sucessão de dias, com ou sem rotina, esperando a velhice e a morte, que para eles, era apenas transcendental, uma passagem, para um mundo melhor ainda. Cada dia era mais uma benção, na medida certa, nem muito, nem pouco, o suficiente para todos os dias sentirem o peito palpitar com a alegria calma das pessoas essencialmente felizes.

Amor de Literatura

Chegou sorrateira, disfarçada em quadrinhos, cheia de gráficos e cor, mas foi o início de um grande amor. Aos poucos fui percebendo que a “embalagem” me importava menos que o conteúdo, e passamos para um envolvimento mais profundo, com mais palavras, menos roupas e enfeites. Ouvi-la também era interessante, mas sempre me dava impressão que eu estaria ganhando mais se estivesse cara a cara com ela. Não consigo identificar quem foi o responsável por me apresentá-la, ela me abordou de várias maneiras, era mesmo uma batalha vencida, não teria como escapar.

Compras do Mês

Estava indo para um barzinho do Leblon com meu marido, numa bela sexta-feira de lua crescente, bonita e luminosa, para mais uma noite de drinques e petiscos com nossos amigos, quando, de repente, em uma das esquinas do bairro, fomos interpelados por um menino de cerca de nove anos. Até aí nada demais, é o que mais acontece nas cidades, grandes ou pequenas, de todo o mundo, aliás, salvo raríssimas exceções. Mas esse menino, Roberto, foi original em sua aproximação:

Nau Variante

Eu não escolhi você, Nunca te desejei, Não premeditei nosso encontro. Foi um acidente. Minha realidade era de metal E não havia razões para amá-lo. Mas uma mulher nunca consegue controlar seu caldeirão, Somos essencialmente coração.

O Tempo do Tempo

O tempo passa, cada dia mais rápido, o tempo voa; e eu preciso encontrar meu tempo, preciso conhecer meu ritmo, preciso me valorar. Preciso prezar a vida, preciso, preciso, preciso. Preciso ter o tempo preciso das coisas, do dia, da noite, do pulso. A vida, ah a vida! Ávida por um preciso precioso tempo que não pára. E se pára, não há vida, de ávida se foi, para onde não há tempo, nem preciso, nem ativo! Para o vazio, para o passado, que é o tempo que já passou.

Minha Luxúria

Meu luxo é o seu amor, Que me veste de rainha com seus abraços. Coloca sobre minha cabeça uma coroa, Quando afaga meu cabelo com suas mãos. Nossa aliança é na alma, mais brilhante que o maior diamante.

Rotina

Penumbra. É o dia que insiste em penetrar nosso quarto e nos tirar desse recanto soturno que criamos. Vejo primeiro a cortina negra com algumas nesgas de luz, que parecem cortá-la. Em seguida o edredom dourado pela meia luz, os vários travesseiros desmaiados de tal maneira que nossa cama parece um ringue. Tudo está pesado, meu corpo, o ar, sua respiração. Sua respiração! Me treinei para sempre acordar antes de você só para ver sua respiração. Seu corpo bruto de diamante mal lapidado oscilando todo como um pêndulo deitado. É esse movimento que me desperta todos os dias, não para o dia, mas para a vida. Fico estática, muda, paralisada por inteiro esperando você acordar. Sei que meu olhar te invade e incomoda, pois trinta segundos depois você se vira, joga os braços de grua em cima de mim sem piedade e me puxa para perto.

O Que Não É Crônica?

Domingo. Muita preguiça. Após o dia anterior inteiro dedicado ao amor, hoje me entreguei à doce melancolia do domingo. Tapete, almofadões, pijamas, meias, jornal, televisão, videogame e comida pedida por telefone. Brigadeiro de colher como sobremesa. O romântico foi gasto todo ontem. Assim deve ser comemorado o dia 13 de Junho, como se fosse o Dia dos Casados: caseiro, sem pompas nem romance, quase uma antítese ao Dia dos Namorados.

Quem sou eu - Primeiro dilema ao criar o blog!

Quem Sou Eu? Ora, e eu lá sei! Eu sou muitas. Estou aqui me procurando, me buscando, esperando que alguém me diga o que sou eu. Pensei que talvez vocês pudessem me dizer. Esse mar, que a partir de agora navego, é feito de mínimas migalhas de espelhos, e em cada uma me reflito. Neste universo acomodo minha constelação, pois não caibo em um só planeta. Sou uma mistura, heterogênea, insolúvel , indecifrável, e estou aqui para me achar na sua opinião, na sua própria definição. Mas já vou avisando, não sou quem você está pensando.