Desde que resolvi me declarar escritora e trabalhar em casa tenho saído muito pouco durante o dia. Tento resolver o máximo possível desde de casa e evitar trânsito, ruas apinhadas, comércio, calor e filas. Tenho tentado, mas não tenho conseguido muito. Pois bem! Eis que em mais uma destas tentativas fracassadas, lá estava eu a caminho do centro da cidade às duas horas da tarde de uma quarta-feira. Decidi ir de ônibus, porque era mais barato, eu não estava com pressa e porque ainda estou traumatizada com o metrô (história para outra crônica, quando eu estiver menos traumatizada e já puder fazer piada a respeito do ocorrido).
Mas de volta ao ônibus: estava eu sentada na poltrona do corredor, escrevendo em meu caderno de anotações idéias para minhas próximas crônicas, quando de repente, um vento forte e quente balançou as árvores na rua, levantou lixo que estava espalhado pelo chão, a saia de uma pedestre e deixou ainda mais confusa aquela tarde engarrafada e calorenta. O calor que estava fazendo unido àquela rajada de vento prenunciava chuva, daquelas pancadas rápidas, fortes e barulhentas. Fechei os olhos e orei baixinho para o trânsito desengarrafar e eu chegar a tempo de não me ensopar. Teria que andar um pedaço ainda, portanto, precisava chegar ao meu destino antes da chuva cair.
Enquanto ainda orava ouvi um pequeno baque, um pluft com letras minúsculas e abafadinho, na poltrona ao meu lado, que estava vazia. Algo havia entrado voando pela janela e pousado emergencialmente na poltrona. Fechei os olhos e orei mais forte: por favor, não seja uma barata voadora, não seja uma barata voadora! Sem me virar, abri o canto de um dos olhos e olhei para baixo com cautela, pronta para pular no colo do passageiro do outro lado do corredor. Para minha surpresa, graças a Deus, não era uma barata, era um pequeno ramalhete de flores vindo diretamente de alguma árvore das redondezas.
Pequenino, marrom, branco e amarelo, com várias mini flores em cada um dos cinco caules que compunham o ramalhete, singelo, mas já murcho. Tudo bem, já estava murcho, mas ainda era bonito, e a partir daí preferi esquecer o calor, o atraso, o engarrafamento, a poeira no ar denso, a chuva eminente, e resolvi focar no presente que o vento me deu, um pequeno ramalhete de flor que veio cair na poltrona ao meu lado. Coloquei os fones para ouvir música e com o meu presente em mãos segui o restante da viagem observando a tudo e a todos, tentando capturar expressões e situações que me inspirassem, anotando tudo enquanto observava.
Quando já estava chegando quase a meu destino guardei meu presente dentro do meu caderno e os guardei em minha bolsa. O dia terminou normalmente, fiz tudo o que tinha que fazer e voltei para casa com alguns litros de água a menos que eu suei pelo caminho. Hoje, quando peguei meu caderno novamente, antes de começar a escrever o meu texto semanal, abri justamente onde estava meu pequeno ramalhete, e para retribuir, resolvi escrever sobre ele. Não sei quantos de vocês já perceberam com é simples ser feliz, ficar feliz, esquecer de todos os detalhes menores e burocráticos do nosso dia a dia e se alegrar com coisas simples e fortuitas que nos ocorrem.
Eu sei que a vida é complicada e cheia de problemas seriíssimos, eu sei! Mas sei que de vez em quando podemos nos dar ao luxo de ficar feliz só pelo simples fato de querer sentir felicidade, sem nenhum evento extraordinário que desculpe nossa felicidade tão inapropriada a esses tempos de guerras e cataclismos. Feliz pelo vento refrescante, pela água saindo da torneira, por um mergulho na praia em um domingo de sol, por um amigo que te liga quando você está pensando nele, por estar reprisando o seu filme favorito que você até queria pegar na locadora, mas não teve tempo, por aquela música tocar na rádio justo naquela hora, por achar um dinheiro esquecido no bolso de alguma calça, e por qualquer outro desses presentes que a vida te dá, tipo uma flor que vai parar dentro de um ônibus bem ao seu lado, num dia quente de uma tarde engarrafa.
Mas de volta ao ônibus: estava eu sentada na poltrona do corredor, escrevendo em meu caderno de anotações idéias para minhas próximas crônicas, quando de repente, um vento forte e quente balançou as árvores na rua, levantou lixo que estava espalhado pelo chão, a saia de uma pedestre e deixou ainda mais confusa aquela tarde engarrafada e calorenta. O calor que estava fazendo unido àquela rajada de vento prenunciava chuva, daquelas pancadas rápidas, fortes e barulhentas. Fechei os olhos e orei baixinho para o trânsito desengarrafar e eu chegar a tempo de não me ensopar. Teria que andar um pedaço ainda, portanto, precisava chegar ao meu destino antes da chuva cair.
Enquanto ainda orava ouvi um pequeno baque, um pluft com letras minúsculas e abafadinho, na poltrona ao meu lado, que estava vazia. Algo havia entrado voando pela janela e pousado emergencialmente na poltrona. Fechei os olhos e orei mais forte: por favor, não seja uma barata voadora, não seja uma barata voadora! Sem me virar, abri o canto de um dos olhos e olhei para baixo com cautela, pronta para pular no colo do passageiro do outro lado do corredor. Para minha surpresa, graças a Deus, não era uma barata, era um pequeno ramalhete de flores vindo diretamente de alguma árvore das redondezas.
Pequenino, marrom, branco e amarelo, com várias mini flores em cada um dos cinco caules que compunham o ramalhete, singelo, mas já murcho. Tudo bem, já estava murcho, mas ainda era bonito, e a partir daí preferi esquecer o calor, o atraso, o engarrafamento, a poeira no ar denso, a chuva eminente, e resolvi focar no presente que o vento me deu, um pequeno ramalhete de flor que veio cair na poltrona ao meu lado. Coloquei os fones para ouvir música e com o meu presente em mãos segui o restante da viagem observando a tudo e a todos, tentando capturar expressões e situações que me inspirassem, anotando tudo enquanto observava.
Quando já estava chegando quase a meu destino guardei meu presente dentro do meu caderno e os guardei em minha bolsa. O dia terminou normalmente, fiz tudo o que tinha que fazer e voltei para casa com alguns litros de água a menos que eu suei pelo caminho. Hoje, quando peguei meu caderno novamente, antes de começar a escrever o meu texto semanal, abri justamente onde estava meu pequeno ramalhete, e para retribuir, resolvi escrever sobre ele. Não sei quantos de vocês já perceberam com é simples ser feliz, ficar feliz, esquecer de todos os detalhes menores e burocráticos do nosso dia a dia e se alegrar com coisas simples e fortuitas que nos ocorrem.
Eu sei que a vida é complicada e cheia de problemas seriíssimos, eu sei! Mas sei que de vez em quando podemos nos dar ao luxo de ficar feliz só pelo simples fato de querer sentir felicidade, sem nenhum evento extraordinário que desculpe nossa felicidade tão inapropriada a esses tempos de guerras e cataclismos. Feliz pelo vento refrescante, pela água saindo da torneira, por um mergulho na praia em um domingo de sol, por um amigo que te liga quando você está pensando nele, por estar reprisando o seu filme favorito que você até queria pegar na locadora, mas não teve tempo, por aquela música tocar na rádio justo naquela hora, por achar um dinheiro esquecido no bolso de alguma calça, e por qualquer outro desses presentes que a vida te dá, tipo uma flor que vai parar dentro de um ônibus bem ao seu lado, num dia quente de uma tarde engarrafa.
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