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Mostrando postagens de agosto, 2011

Doação por Telefone

Você está na santidade do seu lar totalmente relaxado, ou na maior concentração possível, se o seu caso é igual ao meu e você trabalha em casa. Todas as tarefas cumpridas, casa arrumada, contas pagas, filhos alimentados, banhados e graças a Deus já encaminhados para a escola. É só você e você, nem a empregada está mais e você tem as próximas duas horas exclusivas para seu próprio uso fruto. São duas horas inteirinhas só para você. Para trabalhar, ler um livro, ver um filme, tirar uma soneca, tomar um banho comprido, sei lá, o que for do gosto de cada um, qualquer coisa ou coisa nenhuma, o importante é que nesse momento não há compromissos além dos seus próprios. Aí toca o telefone...

Sabedoria de Avô

A tarde estava gostosa. A primavera adiantava um pouco do seu calor e colorido, aquecendo o dia com um sol cavalheiro, vigoroso e respeitador. No quintal da casa, o extenso pomar convidava para um passeio por entre as diversas árvores e arbustos. Embaixo das árvores, podia-se sentir uma brisa constante, agradável, que apesar do vigor do sol, lembrava que ainda era inverno. E este ar gelado, perfumado pelas frutas cítricas que pendiam das árvores, refrescava o sol, a pele, os pulmões e o pensamento de Pipa. Ela caminhava devagar por entre as árvores, fazendo questão de passar as mãos nos troncos de todas pelas quais passava, sentindo sua forma e sua aspereza, provocando sensações de cócegas nos dedos. E aos poucos ia distanciando-se, muda, deixando seu corpo relaxar do almoço e do alvoroço daquele encontro familiar. Já fazia mais de dez anos que não visitava o sítio dos avós, palco de seus momentos mais felizes de infância. Foi justamente naquele sítio, aos sete anos de idade, que gan...

Poesia Vazia

Cabeça vazia Coração vazio Lábios ressecados Olhos úmidos Abraços caídos Coração quebrado Dor que atravessa Antes ao menos preenchesse Mas apenas fere, fura e me deixa De novo vazia e vazando Sangue, lágrimas e sentimentos Pedantes, piegas, ultrapassados Como uma adolescente, Como uma paixão inexperiente Virgem, enfatuada e inconseqüente Tão cheia de si, tão cheia de nada Nada digno nem de um poema As palavras correm incoerentes Repetitivas e deprimentes Tantas vezes ditas, repetidas E da paixão que era nova Resta a poesia já batida Batida e abatida quanto o coração quebrado Pendentes como um corpo enforcado sem vida Balança ao ritmo dos abraços caídos Mofada com a tumidez dos olhos úmidos Dura e esbranquiçada como os lábios ressecados Sem sentido, sem palavras, sem beleza Assim como o coração e a cabeça Vazia.

Depois de Uma Noite Perfeita

A noite foi maravilhosa, tudo correu como desejado, mas ao mesmo tempo foi surpreendente, pois o desejo era mais um sonho que uma expectativa. O beijo foi bom e correspondido, a tensão estava no ar, os corpos arrepiados, as sensações hiperbolizadas, tudo foi perfeito, então porque depois o cara não liga? Nina estava radiante, há muito não se sentia tão bem consigo mesma, tão segura, tão bonita. Acabara de comprar um vestido maravilhoso, sua semana havia sido ótima, e estava se preparando para sair com as amigas. Não havia pretensões nenhuma para a noite, seu último rolo havia finalmente se desencantado e virado pó, e ela estava se sentindo finalmente com o coração livre para novas emoções, até para nenhuma, pois para aquela noite, sua maior ambição era se divertir e dançar o máximo possível com as amigas. E se voltasse sozinha para casa não iria ficar chateada, pois ela estava se bastando, afinal era uma mulher segura e realizada, não precisava de homem para ser feliz. E a noite come...