Essa semana li uma reportagem que muito me alegrou o coração: “pipoca ajuda a combater o envelhecimento”! Fui correndo para a cozinha e preparei uma bacia enorme de pipoca na manteiga. Devo ter rejuvenescido uns três anos, pelo menos. Eu levava muito a sério essas pesquisas científicas, desde que elas não me fizessem levar a minha própria vida tão a sério. Só gostava daquelas que davam sabor e prazer ao meu dia a dia. A melhor de todas foi sobre a descoberta que álcool traz saúde e longevidade. Se for vinho então, melhor ainda. Levei a pesquisa tão a sério que um dia quase me tornei imortal, mas no dia seguinte a ressaca me mostrou direitinho a minha proximidade à morte.
Todas essas notícias sobre pesquisas de ponta são muito animadoras. Ontem mesmo, por exemplo, li sobre uma pesquisa que fizeram com mais de mil pessoas e determinaram que dentre essas, as mais magras comiam mais chocolate. Maravilha! Logo pensei, e aproveitei para pegar a barra que estava escondida no fundo da gaveta. Só quando estava na metade da barra é que cheguei à metade da reportagem e entendi que não era tão científico assim, pois não estavam dizendo que o chocolate deixava as pessoas mais magras, mas as que já eram mais magras é que comiam mais chocolate que as pessoas mais rechonchudas. Ou seja, pode ser simplesmente pelo fato de pessoas mais magras não estarem constantemente em dietas que restringem alimentos calóricos, tipo o chocolate. Acabei comendo a minha barra de chocolate toda de tão ansiosa que fiquei. No dia seguinte havia outra matéria dizendo que outros pesquisadores (nesse ponto já estava começando a ficar irritada com esses profissionais confusos) descobriram que realmente existe uma substância no chocolate que ajudaria a emagrecer. Ufa! Saí para comprar outra barra, é claro.
Há qualquer coisa muito intrigante nestas pesquisas científicas que tratam dos benefícios / malefícios de determinados alimentos e hábitos do seres humanos. Se juntarmos as mais interessantes, vamos notar um único denominador comum: saudável é o que te faz feliz. Então quer dizer que felicidade é que dá saúde? Ou será que só divulgam as pesquisas que fazem as pessoas felizes? Nunca li nada sobre os benefícios do jiló, por exemplo, mas tenho certeza que deve fazer algum bem. Mas já li sobre chocolate, álcool, vinho, pipoca, açúcar, sal, pimenta, chá de ervas, ervas, sexo, ar livre, áreas verdes, rir, fazer nada, dormir muito, dormir cedo, dormir até tarde, dormir de tarde, ou seja, tudo o que o médico ou a nossa vida agitada proíbe.
Compartilho neste texto toda a minha prostração com essas pesquisas científicas, pois não sei mais qual direção tomar. Já pensei em parar de trabalhar, me trancar num quarto com a pessoa amada, um balde de pipoca, garrafas de vinho, e barras de chocolate. Já pensei em parar de trabalhar e ir para o parque ficar fazendo nada e só tendo pensamentos positivos. Já pensei em um monte de coisas (em todas envolvia parar de trabalhar, mas infelizmente ainda não ganhei na Megasena), e como não cheguei a nenhuma solução, resolvi escutar meu corpo, fazer o que me faz ‘sentir’ bem, manter a responsabilidade e, o mais importante de todos, resolvi parar de ler sobre pesquisas científicas. De agora em diante, quando tiver qualquer dúvida sobre o que me faz bem ou mal, vou ligar para minha avó, porque acho que o pessoal de antigamente já sabia de tudo, e agora estão tentando reinventar a sabedoria popular.
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