Ah, doce época da inocência!
Acabo de retomar meu blog, que estava suspenso desde final de 2012 e li o
último texto que postei. Tudo era muito diferente há três anos. Eu era
diferente. O Brasil era diferente. O verão era diferente. Naquela época eu
estava incomodada com o fato de ser muito pacífica, de não me revoltar, de
curtir tanto o Rio, passear no aterro, tomar água de coco e relaxar,
simplesmente relaxar.
Era Outubro de 2012, minha
primogênita estava apenas com nove meses, era um bebê angelical em todos os
sentidos, não dava trabalho, era sorridente, um sonho de criança, tão desejada
e tão amada. Eu ainda estava amamentando, cheia de hormônios, ainda estava
feliz da vida porque não estava mais trabalhando, apenas em casa, cuidando da
minha filha, da minha casa, do meu marido, minhas cachorrinhas, meu gato, meu
sonho de felicidade.
O Rio estava implantando as UPPS, tínhamos a sensação de mais segurança, esperávamos a Copa, ainda com um misto de esperança e incredulidade, ainda
acreditávamos (um pouco) em nossos governantes, o dólar ainda estava estável, a
inflação não assustava, podíamos viajar
a vontade.
Eu só tinha um bebê de colo em
Outubro de 2012, não dois bebês móveis, independentes e kamikazes, que parecem a
todo instante quererem provar a lei da gravidade e me enlouquecer nas diversas
tentativas de subirem nos lugares mais improváveis e perigosos. Às vezes até
sinto saudade da loucura que era ser secretária de dois, três, cinco diretores
ao mesmo tempo. Amo meus filhos, de paixão, mas perto deles, trabalho
corporativo é pinto! Pelo menos tem hora para acabar! E fim de semana! Filhos
não dão folga, férias, décimo terceiro ou seguro insalubridade.
Passear no parque de manhã era
ainda possível. O sol não era ainda uma tocha assassina com o único propósito
de nos derreter, o coco ainda era acessível e eu não tinha a sensação que
estava sendo extorquida toda vez que comprava uma garrafinha de meio litro. Minha
Pollyana morreu de insolação. Hoje estou mais para Bruxa do Oeste, querendo
derrubar o Mágico que está no comando.
Verdade seja dita, e espero que
ao dizê-la, isso também não mude. Bate na madeira três vezes, pede benção à
Deus! Mas tenho que admitir que ainda sou muito feliz, me perdoem por isso. Mas
com certeza, hoje sou muito, mas muito mais estressada e irritada com nossa
situação político-econômica. E com esse calor... O que é esse calor? Alguém,
por favor, abre a sombrinha e liga o ventilador! Não liga o ar não, pelo amor
de Deus, porque não aguento mais dar todo meu dinheiro para a Light.
E vai que acaba a água!
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