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O Amor e a Alegria. A Providência contra o Destino

No princípio dos tempos, quando não havia nada e o mundo ainda aguardava ser criado, uma centelha brilhante, do tamanho de um grão de areia, aguardava o momento de florescer. Naquela época reinavam no cosmo os irmãos Destino e Providência, e o Destino determinou que aquela centelha fosse um casal, que habitaria o mundo quando este já estivesse completamente finalizado e devidamente populado. A providência, romântica que era, aprovou com entusiasmo a idéia, e lhes fez bonitos, muito bonitos, invejáveis.

E assim surgiu do nada o Amor e a Alegria, almas gêmeas, complementares e inseparáveis, com a missão de se espalharem pelo mundo. Eles foram criados juntos. Criados para ficarem juntos. Nasceram se amando, pois eram parte de uma entidade, separados não eram íntegros, precisavam ser um só ser. E como quis a Providência, eram muito bonitos, irradiavam felicidade e beleza.

Sem estar preparado para tanta beleza, o Destino, que até então era sombrio e inseguro, se apaixonou pela Alegria. A Providência, que era muito prevenida, determinada noite, escondida do Destino, os enviou para o mundo, disfarçados de seres humanos, escondendo-os do Destino, para que este não tirasse do Amor a Alegria.

Assim, para protegê-los, a Providência colocou-os em famílias diferentes, não sem antes assegurar um plano seguro para que eles se encontrassem na juventude. Mas o Destino, que era ardiloso e imprevisível, vasculhou a Terra, querendo a Alegria só para ele.

A Providência os escondeu o quanto pode, mas ela sabia que para o Destino encontrá-los era só uma questão de tempo, pois ninguém nunca havia conseguido fugir do Destino. Sabiamente, a Providência, que trabalhava para amenizar os imprevistos que o Destino lançava a todos, deu ao Amor e à Alegria características humanas, e então eles passaram a viver na Terra ao longo dos séculos, sempre em famílias separadas, tendo a Providência a seu lado para se encontrarem quando fosse a hora, e o Destino tentando separá-los.

O Amor e a Alegria habitaram a Terra durante séculos. A Providência tentava mostrar ao Destino que sem o Amor, a Alegria não existiria muito tempo, e que o Amor, sem a Alegria, logo adoeceria, se tornaria uma Paixão autodestrutível e perecível. Muitos anos se passaram e até hoje, ninguém venceu. O Amor e a Alegria continuam se procurando, algumas vezes ficando juntos, outras sendo separados pelo Destino, outras vezes nem mesmo se encontrando.

A Providência continua lutando pelo Amor e a Alegria, mas o Destino também continua brigando para ter a Alegria em detrimento do Amor, não se convencendo que um não vive sem o outro. E nós, seres humanos, veículos destes mistérios, seguimos nossas vidas alheios a estas disputas, às vezes encontrando o Amor e a Alegria, e sempre contando que a Providência nos ajude a fugir de um Destino triste e solitário.

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