O mundo é tão grande quanto a nossa ignorância. Quando jovens, sentimos como se ele fosse infinito, sabemos tão pouco e imaginamos tudo grandioso. Os pais, os amigos, os amores, tudo à nossa volta, são sempre os melhores e maiores. Mas conforme crescemos, experimentamos e aprendemos, as fronteiras e os espaços por elas delimitados vão se estreitando. O mundo começa a encolher.
Já nos anos 90, o ano 2000 parecia uma data longínqua que guardava o fim do mundo por causa de um bichinho que ia infestar todos os computadores e acabar com a economia e a ordem mundial. Parecia uma data que não ia chegar nunca. O filme 2001 – Uma Odisséia no Espaço, vislumbrava um avanço tecnológico para o período que dava a sensação de que nem em cem anos alcançaríamos aquele nível de futurismo, fazendo o novo milênio parecer ainda mais distante, intangível.
Hoje, passados mais de dez anos da data do título do romance e filme, o que parece mais improvável é como fomos capazes de viver nos anos 80 e 90 sem celular, email, PC, laptop, Ipod, Skype, Facebook, TV HD, 3D e todos os aparelhos mágicos dessa era tecnológica. No entanto, apesar dos anos luz de distância tecnológica, existe uma sensação de proximidade cronológica, porque já se passaram vinte anos, mas parece que não foram nem cinco. E finalmente o mundo encolheu, pelo menos o meu.
O meu mundo agora é pequeno e orbita ao redor da minha rotina. Bebo cerveja alemã, como carne argentina, tomo picolé chinês, chá japonês, visto roupas tailandesas, calço sapato italiano, minha manicure é paraguaia e o gerente do meu banco é inglês. Para muitos, fazer compra em Miami agora é programa de fim de semana, e não me refiro somente a sacoleiros. Uma temporada em Nova Iorque virou rito de passagem para a classe média: “Como assim você não foi para New York ainda?” E agora, em vez de tropeçarmos em argentinos na Rua das Pedras, tropeçamos em brasileiros na Calle Florida, pois preferimos ir esbanjar o Real brasileiro e o fajuto portunhol em Buenos Aires, logo ali.
Em outros períodos históricos, outras regiões do planeta já vivenciaram o mesmo turbilhão revolucionário que fez o mundo mudar muito em pouco tempo. A revolução industrial, o renascimento e as duas grandes guerras foram períodos notórios de grandes mudanças e avanços tecnológicos, que também proporcionaram esta aproximação das diferentes regiões do planeta. A diferença hoje é que não temos um ideal que conduza as alterações pelas quais estamos passando, pois não estamos revolucionando, estamos inovando, evolucionando, mas sem mudar os ideais, apenas a demanda, emburrecendo cada vez mais, apesar da disponibilidade cada vez maior da informação, e o mundo está a cada dia mais medíocre, a cada dia menor.
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