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Mostrando postagens de março, 2011

A Arte de Procrastinar

O dia amanhece e acordamos preguiçosos. A noite foi um sonho profundo, longo, macio e gostoso. Lá fora é verão, mas há dois dias que chove. Muito embora chova, ainda assim é verão e, portanto, está quente. Mas aqui dentro, não. Aqui dentro o ar condicionado gela o ambiente e embaixo do edredom está aconchegante. Eu já acordei a mais de uma hora atrás, mas insisto em continuar sonhando. Você começa a se mexer e eu finjo que ainda durmo. Não quero me levantar, a única coisa que nos aguarda são compromissos, trabalho, trânsito e estresse. Mas não adianta pedir, você já está de pé e pronto para começar a cumprir sua lista de tarefas, e tudo o que eu queria era continuar aqui nesse recanto curtindo você. Sua primeira linha forte de argumentação: viver o presente, não deixar para amanhã o que deve ser feito hoje. Minha defesa: só mais um pouquinho! Você discorre sobre todas as implicações decorrentes de deixar para amanhã o que deve ser feito hoje, recrimina a procrastinação, aponta para a ...

Ogro Encantado

Semana passada saí com minhas amigas para uma noite só das meninas. Essas noites geralmente são regadas a muito vinho e muita malhação. Malhação aos maridos. Isso mesmo, nos encontramos para falar de nossos respectivos. Bom, de outros maridos e solteiros também, é claro. Sempre é muito divertido e fazemos muitas comparações. Normalmente, retorno à minha casa com vontade de bater no meu marido porque acabo inventando que ele não está me tratando tão bem quanto o marido de outra. Mas, às vezes, acontece o inverso e chego em casa muito carinhosa, dando graças a Deus por ele não fazer comigo o que o marido da outra fez com ela! Ele nunca entende e sempre pergunta se eu estou de TPM. Qualquer mudança no meu humor ele acha que é TPM. Na última dessas noites, falamos muito da nossa infância, e de como sonhávamos com o príncipe encantado. Uma de minhas amigas ainda tem uma lista que ela fez quando tinha doze anos descrevendo as qualidades que o príncipe encantado dela teria que ter. Eu me lem...

Por Onde Achas Que Andei?

Por onde achas que andei, que terras pisei, Ou que barro se embrenhou por entre os vãos dos meus sapatos rotos? Sabes por acaso da poeira que se entranhou em minhas rugas, Preenchendo meus vazios, intoxicando meus pulmões? Não sabes da minha vida um terço, nem sequer uma conta Como então te atreves a me julgar pela capa, pela cara, pela roupagem, Que no meu caso nem é bossa, é trapo, como eu. Como podes querer que em meros meses Me conheças mais que a mim mesmo em meio século? Se soubesses por onde tenho andado, por onde calos me hão sido formados, Talvez então um ínfimo do que sou saberias, entenderias, Mas nem assim poderias com certeza afirmar, Que meu ser transparente a ti te fazias, nem mesmo assim!

Fantasiando a Caminho do Trabalho

Chegamos ao apartamento por volta das sete da noite, o início da noite quente de verão ainda estava claro, a praia ainda estava cheia. A vista era deslumbrante, assim como a mulher ao meu lado, quente e úmida como a noite de fevereiro. A pele dela, de um moreno dourado estava brilhosa de suor, e por isso parecia ainda mais palatável. Eu não via a hora de pular a introdução e poder colocar minhas mãos naquele corpo. Mas ela estava arredia como um bicho acuado, precisava ser sutil para fazê-la se entregar sem pudores. Por isso, depois de deixá-la na varanda apreciando a vista, fui logo pedir um champagne ao serviço de quarto. Quando voltei à varanda, ela estava com os cabelos enrolados de uma força bagunçada e seguros com uma das mãos em um coque na base da nuca, enquanto a outra mão abanava a parte traseira do pescoço. Vislumbrei uma gota de suor que acabara de nascer e ameaçava descer pela coluna abaixo. Fiz um esforço descomunal para não segurar aquela gota, minha vontade era passar ...