Chegamos ao apartamento por volta das sete da noite, o início da noite quente de verão ainda estava claro, a praia ainda estava cheia. A vista era deslumbrante, assim como a mulher ao meu lado, quente e úmida como a noite de fevereiro. A pele dela, de um moreno dourado estava brilhosa de suor, e por isso parecia ainda mais palatável. Eu não via a hora de pular a introdução e poder colocar minhas mãos naquele corpo. Mas ela estava arredia como um bicho acuado, precisava ser sutil para fazê-la se entregar sem pudores. Por isso, depois de deixá-la na varanda apreciando a vista, fui logo pedir um champagne ao serviço de quarto.
Quando voltei à varanda, ela estava com os cabelos enrolados de uma força bagunçada e seguros com uma das mãos em um coque na base da nuca, enquanto a outra mão abanava a parte traseira do pescoço. Vislumbrei uma gota de suor que acabara de nascer e ameaçava descer pela coluna abaixo. Fiz um esforço descomunal para não segurar aquela gota, minha vontade era passar a lateral do meu dedo indicador, subindo com ele por todo o trajeto percorrido pela gota, secando o caminho traçado de volta até a base do seu pescoço, para depois levar o dedo à minha boca e assim começar a saborear o gosto dela a partir daquela pequena dose de seu fluído corporal, uma pequena amostra do sabor que ela deveria ter. Seu vestido leve e solto, balançando bem devagar à brisa econômica, não delineava seu corpo, mas dava pistas do que ele guardava, o que me deixou ainda mais excitado.
Me aproximei mais, sem ainda tocá-la, precisava ter a certeza de que ela estava pronta para tomar a iniciativa, dessa forma era muito melhor. Deixar a mulher comandar é a melhor maneira de descobrir o que ela gosta. Embora ainda não a estivesse tocando, já estava próximo o suficiente para sentir o cheiro sutil de sua lavanda, que com o calor do corpo emanava como vapor de sua pele. Era um cheiro simples, de neném, provavelmente alguma lavanda comprada em farmácia, mas nem por isso menos delicioso. Combinava com o estilo simples e ingênuo da personalidade dela, embora o seu corpo, seu olhar e sua boca gritassem sensualidade madura de uma mulher de trinta.
Ela finalmente se virou, abriu a boca para começar a dizer algo, mas a campainha do quarto tocou. Eu fingi ignorar, mas ela paralisou e no segundo toque olhou para a porta com o cenho franzido, o que me despertou a contragosto para a necessidade de ir atender a porta. Era o champagne, não podia reclamar, o champagne era meu aliado. Atendi tentando passar por essa etapa em modo “fastforward”. Ela continuava na varanda, mas agora virada para minha direção observando minha movimentação. O seu olhar não me incomodou, ao contrário, me excitou mais ainda que ela começasse a ficar mais participativa. Estávamos ali por um único motivo, a sutileza agora era só parte da sedução, ambos sabíamos o que estava para acontecer. Ela brincava de inocente e eu entrei na brincadeira, para aproveitar melhor o momento, mas mesmo um romântico como eu tinha seus limites, e eu já estava quase estourando de ansiedade, não ia esperar mais.
Com as taças já devidamente servidas me encaminhei para a varanda, ela deu dois passos em minha direção, bom sinal! Após lhe entregar uma das taças, com a mão livre, a enlacei pela base das costas e no movimento brusco puxei seu corpo para bem junto ao meu, a ponto dela precisar tombar o pescoço para trás para poder me olhar com uma expressão falsa de reprovação. Lentamente aproximei meus lábios dos seus, mas ela virou rapidamente a cabeça para tomar um gole do champagne. Sorri malignamente, nenhum pensamento bonzinho restava em minha mente a esta altura, mas depois também bebi do meu copo, virando toda a bebida e jogando a taça para trás no canteiro. Agora, com a outra mão livre, agarrei seu pescoço por trás para garantir que ela não fugisse mais do beijo, mas não mirei os lábios. Agarrei seus cabelos e puxei sua cabeça para trás, e em busca daquela gota perdida de suor, beijei calmamente seu pescoço, repetidas vezes.
Senti o corpo dela tremer, e aos poucos relaxar. Levantei a cabeça a tempo de apreciar o rosto dela todo em uma expressão de prazer. Ela estava quase pronta. Tirei a taça da mão dela e joguei no canteiro também, eu ainda beberia champagne, mas não iria mais precisar de taças. Olhei fundo em seus olhos e aguardei pelo ataque, que logo veio. Ela passou os braços por baixo dos meus e levou as mãos a cada um dos meus ombros, fazendo força para puxar o corpo dela para mais próximo da minha cabeça. Com ambas as mãos em cada lado de sua cintura agora, ajudei-a suspender o corpo, até que seus pés estavam no ar. Em um movimento rápido ela enlaçou as pernas em volta da minha cintura e começou a me beijar. A princípio bem devagar, com a língua tímida contornando meus lábios, mas rapidamente aumentando a intensidade do beijo, até que quem começou a tremer fui eu. Comecei a caminhar para direção de uma espreguiçadeira que jazia convidativa ali mesmo na varanda, o quarto a esta altura estava muito longe, não chegaríamos até ele a tempo. Simultaneamente ela desenlaçou as pernas e pude aninhá-la em meus braços, sem parar de nos beijarmos. Havia chegado a hora, depois de quase um ano de tentativas, convites, flores, jantares, finalmente ela seria minha...
De repente, uma longa freada me jogou para frente e quase bati a cabeça no banco da frente. O trocador pulou para fora de sua cadeira e gritou “ponto final”, olhando diretamente para mim, claro, só tinha eu aqui dentro mesmo. “Droga!” E me levantei apressada, era a terceira vez aquele mês que perdia o ponto por causa desses romances de banca de jornal, precisava parar de ler esses livros e arrumar um namorado de verdade. Minha chefe ia me matar por chegar atrasada de novo. Tomara que hoje não tenha muito movimento, porque estou doida para saber como termina esse capítulo. Mas agora preciso descobrir como é que faço para voltar desse fim de mundo de ponto final.
Comentários