Despertador insistente.
Relógio adiantado para dar a sensação de atraso.
Ducha gelada.
Roupa de malha que não amassa.
Rabo de cavalo.
Maquiagem no elevador.
Café expresso.
Via expressa.
Não tem elevador expresso?
De desjejum o resto do biscoito do lanche de ontem.
O computador já fica ligado.
O monitor tá demorando a ligar.
Dois segundos depois, os fones já estão a postos.
O ponto começa a valer.
Ligações começam a entrar.
Lembrar de respirar.
O texto está na tela.
Contar dois segundos entre cada frase.
Bexiga apertando!
Quarenta minutos até a primeira pausa.
Lembrar de pegar água para deixar na mesa.
Colega está discutindo com algum cliente mau criado.
Supervisor discutindo com colega.
Hora do bandeijão!
Massa com carne moída.
Não tem que cortar, nem mastigar muito.
Deixar bebida para o final, para ajudar a descer.
Um chiclete sem açúcar para limpar os dentes.
De volta à mesa, o monitor ligado, cinco minutos de folga!
Aproveitar para pegar a água.
Com os fones novamente, mais clientes.
Contar até dez.
Checar lista de meta.
Acelerar atendimento de olho na meta.
Faltam quinze.
Faltam onze.
Pular a pausa do banheiro.
Preencher relatório enquanto atende.
Cliente 40 com a vida ganha, torrando o tempo.
Faltam dez, contar até dez.
Mais dez!
Bexiga apertando de novo, cliente torrando de novo.
Relógio quebrado? Ainda faltando uma hora!
Quebrando recorde em atendimento.
Supervisor mandou falar mais devagar.
Devagar não atinge meta!
Ultimo atendimento!
Fome, sede, cistite.
Meta e hora atingidas!
Banheiro, elevador, ônibus e trem.
Ônibus, elevador, apartamento, contas e lanche.
E finalmente pausa para a novela.
Cochilo e perda do final.
Hora de dormir.
Insônia!
Foi toda a pressa.
Por que tanta pressa?
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