Preciso me revoltar! Indignar-me! Cerrar os punhos e chamar para a briga. Matar de vez a Pollyana que existe em mim. Mas aí vem o sol – esse bendito e maravilhoso sol – que aquece o corpo e refresca a mente. E para piorar, é primavera no Rio de Janeiro. É Rio de Janeiro, é sol, é brisa fresca do mar, enfim: quem é que consegue ficar revoltado num cenário assim? Dá sede, bebo um coco. Budaquibariu! Quem foi que colocou adoçante nesse coco? E pronto, minha última gota de indignação vai por água de coco abaixo. Alguém passa com o rádio ligado e nem me importo se está alto demais, pois a música inunda minha cena com a trilha sonora perfeita. Gil já sabia das coisas há muito tempo: isso aqui continua lindo. O sol, a brisa, a água de coco docinha, a música perfeita, o sorriso das razões do meu afeto, a união, a harmonia, o bom dia do estranho que deve estar tendo a mesma epifania, e pronto, está aí a razão, agora entendo, do brasileiro ser tão pacífico. Achamos que já es...
As palavras têm vontade própria, o escritor é apenas o meio pelo qual elas ganham vida. Tanto para quem lê, quanto para quem escreve, um texto, quando puro e verdadeira expressão de sentimentos, tem a força de emocionar e inspirar. Assim escrevo, assim espero. Assim existo. Nas palavras.